Terça-feira, 9 de Outubro de 2007
A chuva da minha rua
Bate as horas o relógio da torre. Pum, pum, máquina indolente a tudo indiferente.
É máquina e nada sente!
Horas que foram , horas que hão - de vir. É a noite no seu lento fluir.
E esse pum, pum, lembra – me que há momentos que fazem e marcam os tempos.
As chegadas, as partidas, com suas tristezas ou alegrias.
E eu desespero nesta espera! Espera longa dolorosa!
Mas há esperas deliciosas:
Esperando a noite observando o pôr-do-sol! Esperando o raiar da aurora! No nascer dum novo dia. Saboreando o luar! Escutando os ralos a cantar!
Eis quase chegado o fim desta noite. Ali ao lado ouço um ressonar, lá em baixo o comboio que vai a passar.
E eu, aqui, só, enfastiado desta chuva que caía ontem e cai hoje de dia e de noite.
Estou triste. A chuva é boa e necessária mas é fria e feia, e é triste e me põe triste.
Não gosto dela, pronto! Prefiro o meu Sol brilhante e quente que me abre os horizontes e me mostra lindas paisagens de belos prados com regatos, densas e frondosas ramagens, rouxinóis nos choupais, pardais nos milharais, andorinhas nos beirais e outras coisas mais.
Mas ele tarda a chegar! E eu desespero nesta espera.
Há silêncio nesta insónia... Vou até à janela e ela lá está caindo miudinha e chata.
Vou para a cama para dormir e sonho com ela.